O-lá!
O processo de alfabetização nem sempre segue uma linha reta. Ele pode ter avanços e recuos, momentos de descoberta e de dúvida, e isso é absolutamente normal. À medida que a criança vai se apropriando da leitura e escrita, ela percorre etapas que não se encaixam perfeitamente como degraus. Em vez disso, ela experimenta estratégias diferentes, testa hipóteses e, aos poucos, constrói um entendimento mais estável.
Segundo estudos sobre a aquisição da leitura, é possível observar três grandes etapas nesse processo:
- Etapa Logográfica (ou Pictórica)
Nesta etapa inicial, a criança reconhece palavras de forma global, sem compreender a relação entre letras e sons. Ela identifica palavras familiares pelo formato ou pelo contexto, tratando-as como imagens. Por exemplo, pode reconhecer a palavra “Coca-Cola” apenas pela aparência das letras e das cores, mas sem saber decodificar cada letra individualmente.
- Etapa Fonológica (ou Alfabética)
Aqui, a criança começa a entender que as letras representam sons. Ela aprende a segmentar palavras e associar cada grafema (letra ou grupo de letras) ao seu respectivo fonema (som), conseguindo ler palavras novas. No entanto, a leitura ainda é lenta e exige bastante esforço.
- Etapa Ortográfica (ou Lexical)
Nesta etapa, a leitura se torna mais automática e fluente. A criança já reconhece muitas palavras inteiras rapidamente, sem precisar decodificar letra por letra. Esse é o momento em que ela começa a ter maior compreensão dos textos, pois seu cérebro trabalha com um repertório visual de palavras memorizadas. Inclusive o tamanho da palavra (mais ou menos letras) já não é um desafio.
Stanislas Dehaene (2022, p. 222) explica essa transição:
À medida que a leitura se automatiza, o efeito do tamanho da palavra desaparece. Ele se torna totalmente ausente no bom leitor.
Ou seja, conforme a leitura se torna fluida, a quantidade de letras de uma palavra deixa de ser um obstáculo, e a criança passa a ler de maneira cada vez mais natural.
O que isso tudo significa na prática?
Significa que é preciso ter conhecimento para identificar a fase que a criança está e proporcionar a ela estímulos adequados. Nem demais, nem de menos. Por exemplo, para uma criança que está lendo silabicamente é recomendável que os textos sejam curtos e acessíveis, como os do jogo “Conecte”, que permite à criança praticar a leitura sem sobrecarga. Aos poucos, conforme o interesse e a confiança crescem, os desafios podem ser ampliados, com textos mais longos e estruturas mais complexas. Além disso, a criança precisa ter contato com diferentes tipos de textos, explorando gêneros variados que fortaleçam sua fluência leitora e sua compreensão.
Por que essa fase é tão importante?
Porque é nela que a leitura se fortalece e se torna um hábito. A criança que tem contato constante com textos bem escolhidos desenvolve não só fluência, mas também compreensão e gosto pela leitura. Quanto mais exposta a diferentes estruturas, mais repertório ela constrói . O que impacta não apenas a leitura, mas também a escrita e a expressão de ideias.
O jogo “Conecte” é um excelente recurso para esse momento, ajudando a transformar o processo em algo leve, acessível e motivador.
Vamos ver como utilizá-lo?
Sugestão de Uso:
- Espalhe as cartas com as imagens viradas para cima sobre uma mesa. Coloque as cartas com textos dentro de um saco;
- A criança pega uma carta do saco, lê e aponta qual figura corresponde ao texto;
- Em seguida, conecta a carta à imagem para verificar se a associação foi correta;
- Para complementar, a criança pode escrever a frase no caderno e até mesmo construir um pequeno texto utilizando a frase da carta como ponto de partida.
No vídeo abaixo tem outras sugestões de uso para o jogo Conecte 😉
É isso! Gostou?
A leitura precisa ser incentivada com afeto, desafios progressivos e oportunidades reais de contato com textos diversos. Vamos transformar cada experiência de leitura em algo significativo? Espero que o jogo “Conecte” contribua grandemente nessa missão. 🙂
Um abraço e até mais!
Referência Bibliográfica:
DEHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Tradução de Leonor Scliar-Cabral. Porto Alegre: Penso, 2012.
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- Instruções de uso.
Para você imprimir, montar e usar 🙂
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Talvez você queira saber:
1) Existe uma idade ideal para que a criança atinja a fase ortográfica na leitura ou isso varia?
Não há uma idade fixa, pois o ritmo de aprendizagem varia. Em geral, as crianças entram na fase ortográfica da leitura entre os 7 e 9 anos. Mas isso depende do desenvolvimento individual e, principalmente, do nível de exposição e vínculo que a criança tem com a leitura no dia a dia.
2) Se uma criança tem dificuldades com a leitura e lê silabicamente, o que pode ser feito para ajudá-la?
O primeiro passo é avaliar a criança para entender o motivo da dificuldade. Ela pode precisar de um reforço no conhecimento dos fonemas (sons das letras) ou simplesmente de mais exposição à leitura para ganhar fluência. O processo de aprendizagem da leitura é como andar de bicicleta: quanto mais prática, mais natural se torna. Estratégias como jogos interativos, leitura em voz alta (individualmente, sem exposição!) e textos curtos podem ajudar a tornar essa prática mais eficaz e prazerosa.
3) É possível que uma criança utilize estratégias de diferentes fases ao mesmo tempo?
Sim! Na verdade, todos nós, adultos e leitores fluentes, recorremos, por exemplo, à leitura fonológica quando encontramos uma palavra desconhecida. Quer um exemplo? Leia esta palavra:
Trimetilxantina
A menos que você tenha experiência com componentes químicos, provavelmente leu silabicamente, decodificando parte por parte. Isso acontece porque essa palavra ainda não faz parte do seu léxico visual.
Com as crianças, o processo é o mesmo. Elas podem reconhecer automaticamente palavras conhecidas (fase ortográfica), mas recorrer à leitura fonológica para palavras novas. A medida que essas palavras se tornam familiares, passam a ser lidas diretamente, sem a necessidade de decodificação.
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