Junta-junta

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O-lá!

O ser humano nasce com uma organização cerebral única, dotada de uma plasticidade que lhe permite aprender, adaptar-se e criar. É essa mesma plasticidade que torna possível a aquisição da leitura e da escrita, conquistas que não são apenas habilidades escolares, mas portas de entrada para a cultura, para o pensamento crítico e para a vida em sociedade.

[…] um dos traços mais impressionantes do cérebro humano é que, desde as primeiras etapas de seu desenvolvimento e já no seio materno, sua organização funcional apresenta uma plasticidade excepcional que lhe permitirá adquirir a escrita.  (CHANGEUX, 2012, p. 10).

A alfabetização, portanto, é um processo que se apoia tanto na base biológica quanto na dimensão cultural. Ensinar a ler e a escrever é reconhecer essa potência do cérebro humano e, ao mesmo tempo, oferecer à criança acesso ao que a humanidade construiu ao longo de gerações: símbolos, saberes, narrativas, tradições.

No entanto, a criança precisa vivenciar situações significativas, em que a leitura e a escrita façam sentido em seu cotidiano. É nesse cenário que o jogo se torna um aliado: ao propor desafios de forma lúdica, ele desperta a curiosidade, favorece a atenção e cria vínculos positivos com a aprendizagem.

Assim, cada palavra formada vai além do exercício escolar: representa também a conquista de quem se descobre capaz de criar, comunicar e compreender o mundo ao redor.

Hoje eu trouxe como sugestão o jogo Junta-Junta, um recurso lúdico pensado para unir alfabetização e diversão, transformando sílabas em palavras de maneira criativa e envolvente.

Habilidades estimuladas com este jogo:

  • Leitura e escrita: reconhecimento das estruturas das palavras.
  • Pensamento lógico:  organização de sílabas e busca de combinações significativas.
  • Atenção e concentração: foco necessário para relacionar dado, forma geométrica e sílabas.
  • Memória de trabalho: reter informações enquanto manipula possibilidades para formar palavras.
  • Aspectos lúdicos e motivacionais: aprendizagem associada ao brincar, fortalecendo o vínculo positivo com a alfabetização.

Vamos ver como utilizar?

Sugestão de uso:

  1. Coloque o tabuleiro em uma superfície plana e as cartas dentro de uma sacola.
  2. Se possível, disponibilize uma ampulheta ou um cronômetro para marcar o tempo.
  3. Cada criança, em sua vez, retira uma carta da sacola. Em seguida, dentro do tempo estipulado, deve procurar no tabuleiro as formas geométricas iguais (forma e cor). Com as sílabas encontradas, tenta montar uma palavra. Se conseguir, fica com a carta; caso contrário, devolve-a para a sacola.
  4. Vence quem conquistar o maior número de cartas.

É isso! Gostou do que viu por aqui? Eu amo quando vocês me enviam feedback. Só assim fico sabendo se estou contribuindo com o meu trabalho, que é realizado sempre com muita responsabilidade e amor.

Um abraço, e até o próximo post!

Referência Bibliográfica:

DEHAENE, Stanislas. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Prefácio de Jean-Pierre Changeux. Porto Alegre: Penso, 2012.

Clique no link abaixo para adquirir o arquivo PDF contendo:

  • 24 fichas;
  • 01 tabuleiro;
  • 01 embalagem;
  • instruções de uso.

Para você imprimir, montar e jogar 🙂

Talvez você queira saber:

1) Este recurso pode ser utilizado em atendimentos psicopedagógicos individuais?

Sim! O Junta-Junta é um excelente recurso para atendimentos individuais ou em pequenos grupos. Ele permite observar como a criança pensa, organiza, testa hipóteses e lida com o erro.
Durante o jogo, o psicopedagogo pode identificar estratégias cognitivas, dificuldades específicas e avanços sutis, além de trabalhar atenção, memória de trabalho e linguagem oral de maneira natural e prazerosa.
Por unir o lúdico ao cognitivo, o jogo se torna um espaço seguro para aprender sem a pressão de “acertar”.

2. O que fazer quando a criança forma uma palavra inexistente ou sem sentido?

Esses momentos são oportunidades riquíssimas de aprendizagem! Em vez de corrigir de imediato, o ideal é conversar sobre a produção da criança: perguntar o que ela quis dizer, se a palavra soa parecida com alguma conhecida ou se ela acha que poderia ajustá-la para fazer sentido.
Esse tipo de diálogo estimula a oralidade e a argumentação. Muitas vezes, o próprio grupo acaba sugerindo modificações, transformando o que parecia um “erro” em uma descoberta coletiva sobre o funcionamento da língua.

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