Régua das Emoções

Régua das Emoções

O-lá!

Há algumas semanas, em uma caixa de perguntas que abri no Instagram, recebi mensagens de professores compartilhando suas experiências sobre a volta às aulas. Alguns relataram a alegria de reencontrar os alunos e retomar a rotina escolar, enquanto outros expressaram preocupações com desafios no comportamento das crianças. Muitos mencionaram dificuldades como brigas, desentendimentos e dificuldades de convivência. Diante disso, senti que não poderia ignorar essas preocupações. Quis criar algo que, mesmo sendo um recurso simples, pudesse contribuir para o desenvolvimento da inteligência emocional das crianças e ajudar a tornar o ambiente escolar mais acolhedor e harmônico. Quem sabe as escolas possam elaborar um projeto voltado ao desenvolvimento da inteligência emocional das crianças, utilizando este recurso como uma ferramenta de apoio? Hummm… quem sabe?!

A inteligência emocional é um fator essencial para que as crianças aprendam a lidar com suas emoções e sentimentos, além de se relacionarem melhor com os colegas. Abrindo um “parênteses” aqui porque penso que talvez devesse explicar, mesmo que de forma resumida, a diferença entre emoções e sentimentos. Sim, porque, embora sejam conceitos frequentemente usados como sinônimos, há uma diferença entre eles. E nós, profissionais da educação, também precisamos ter esse conhecimento.

As emoções são reações imediatas e automáticas do nosso corpo diante de estímulos internos ou externos. Elas são universais e inatas, como a alegria, o medo, a raiva, a tristeza e o nojo. Já os sentimentos são mais complexos e duradouros, pois envolvem interpretação e processamento cognitivo das emoções. Por exemplo, a emoção de medo pode dar origem ao sentimento de insegurança, e a emoção de alegria pode gerar um sentimento de gratidão.

O recurso que trago hoje, a Régua das Emoções, foca nas emoções primárias, ajudando a criança a reconhecer e expressar aquilo que sentiu ao longo do dia ou da semana. Esse primeiro passo é essencial, pois ao nomear e entender suas emoções, a criança começa a desenvolver habilidades para lidar melhor com seus sentimentos ao longo do tempo.

Vale lembrar que a abertura ao diálogo e à conversa sobre emoções e sentimentos deve ser conduzida de maneira tranquila e sem julgamentos. Como destaca Celso Antunes (2003, p. 244):

Os debates devem ser conduzidos de maneira serena e tranquila, desenvolvidos por alguém muito mais disposto a ouvir do que a falar, mas um mediador firme, pronto para tirar a palavra, com doçura, dos mais expansivos e para extrair depoimentos dos mais tímidos.

O desenvolvimento da inteligência emocional não acontece de forma automática; ele precisa ser estimulado e trabalhado ao longo da vida. Para compreender melhor essa questão, vale destacar que a inteligência emocional é um conceito amplamente estudado por autores como Daniel Goleman (1996), que destaca a importância da identificação, compreensão e regulação das emoções para o desenvolvimento social e acadêmico das crianças. Goleman argumenta que a inteligência emocional pode ser mais determinante para o sucesso na vida do que o próprio QI, pois influencia a forma como nos relacionamos e tomamos decisões.

Dessa forma, o uso de ferramentas como a Régua das Emoções está alinhado com pesquisas que demonstram que crianças que aprendem a nomear e compreender suas emoções desenvolvem maior equilíbrio emocional, maior capacidade de enfrentar desafios e melhores relações interpessoais.

Ah! Estava quase esquecendo… Rsrs! O arquivo PDF com a Régua das Emoções está disponível gratuitamente para download. Gostou?

Sugestão de Uso:
  1. A criança deve mover o sol ao longo da linha do tempo e posicioná-lo na emoção que melhor representa como foi seu dia ou semana;
  2. Após escolher a emoção, a criança recebe um “Emotag” correspondente;
  3. Ela pode colar o “Emotag” no caderno e escrever ou desenhar sobre o que a fez sentir aquela emoção;
  4. Se desejar, a criança pode compartilhar com os colegas o motivo de sua escolha, estimulando a conversa sobre emoções.
Variações:

✔ Criar um Diário das Emoções para acompanhar os sentimentos ao longo da semana;
✔ Montar um Mural das Emoções na sala de aula;
✔ Usar os Emotags para iniciar rodas de conversa sobre sentimentos e empatia;
✔ Propor brincadeiras como adivinhar a emoção através de gestos e expressões.

Esse recurso pode ser um ponto de partida para conversas sobre emoções, ajudando as crianças a reconhecerem e nomearem o que sentem. Ele pode ser utilizado em sala de aula, no consultório ou em casa, sempre respeitando o ritmo e a experiência de cada criança.

É isso! Espero que seja útil e contribua para um ambiente mais acolhedor e reflexivo.
Um abraço e até mais!

Referências Bibliográficas:

ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

Clique no link abaixo para adquirir o arquivo PDF GRÁTIS contendo:

  • 01 régua;
  • Fichas com emotags;
  • Instruções de Uso.

Para você imprimir, montar e usar 🙂

Talvez você queira saber:

1) A partir de que idade as crianças conseguem utilizar a Régua das Emoções?

A capacidade de reconhecer e nomear emoções varia de criança para criança, mas, de maneira geral, por volta dos 4 a 5 anos elas já conseguem começar a identificar emoções básicas e associá-las a eventos do dia a dia. Nessa idade, muitas ainda precisarão do apoio de um adulto para ajudá-las a verbalizar e contextualizar as emoções.

2) Quais são as melhores formas de incentivar a criança a falar sobre suas emoções sem forçá-la?

É fundamental criar um ambiente seguro e acolhedor para que a criança se sinta confortável ao falar sobre suas emoções. Algumas estratégias incluem:

  • Dê o exemplo: Crianças aprendem observando. Falar sobre suas próprias emoções de maneira natural. Exemplo: “Hoje eu fiquei um pouco frustrado porque o trânsito estava ruim, mas depois passou!”,  pode incentivar a criança a fazer o mesmo.
  • Use perguntas abertas: Exemplo: “O que aconteceu hoje que te fez sentir assim?” Isso evita que a criança se sinta pressionada a dar uma resposta imediata.
  • Respeite o tempo da criança: Algumas crianças podem não querer falar sobre seus sentimentos no momento. E tudo bem! O importante é que saibam que têm espaço para isso quando se sentirem prontas.
  • Brinque: Jogos como a Régua das Emoções tornam esse processo mais natural e leve. A criança pode expressar seus sentimentos através do jogo, do desenho ou de histórias, sem precisar se expor diretamente.
  • Evite julgamentos: Se a criança disser que se sentiu com raiva ou medo, evite frases como “Isso não é motivo para ficar assim”. Em vez disso, acolha e ajude-a a entender melhor o que sentiu: “Entendo que isso tenha te deixado irritado. O que poderíamos fazer para você se sentir melhor?”

 

2 Comentários

  • Julie Pittarello Publicado 17 17-03:00 março 17-03:00 2025 11:21 AM

    Parabéns pelo excelente trabalho que entrega. Não erra nunca! Recursos sempre maravilhosos e necessários

  • Marli Irene Albo Souza. Publicado 5 05-03:00 março 05-03:00 2025 10:07 AM

    Excelentes jogos

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